O Relatório

Já no quarto depois dum relaxante banho, dei comigo deitado na enorme cama com lençóis de seda turquesa, olhando o tecto que tinha uns acabamentos e pormenores simplesmente incríveis!
Levantei-me e pensei: "É hoje que vou fazer esta barba e aparar o cabelo" - enquanto me olhava ao espelho. Sim, eu demasiadas vezes penso no quão ridícula a minha figura é. Ora vejam bem: Um gajo na casa dos cinquentas, magrinho, barba de três dias, óculos pequeninos e redondos e um corte de cabelo que mais parece ter sido feito por um cutelo dum qualquer talhante. Triste figura, não?..
Bem, o que me safa é ser acusado de ter uma mente jovem. Mas eu pergunto-me: Que sabem eles da minha mente? Deram-me esta alcunha de Gauguin e eu não me lembro como nem porquê.
Enfim... Dou por mim constantemente a questionar-me donde vieram estes meus amigos, mas já os conheço à tanto tempo que prefiro não me dar ao trabalho de obter uma resposta. Uma coisa é certa: Eles não são muito bons da cabeça e as vezes saem-se com cada coisa mais estúpida... Um vê o Barroso vestido de médico - as tantas era um baile de máscaras e nós não fomos convidados. O outro passa a vida rodeado de mulheres - por sinal muito interessantes (aparentemente) - e mais parece um galo na capoeira.
Pensando bem, vou deixar a barba e o cabelo como estão, além disso o meu aspecto enquadra-se bem com o meu grupo de amigos.
Bem, convém eu pôr-me a andar porque eles já devem estar na sala de jantar á minha espera, além disso é buffet e o Nunes não aguenta esperar para poder chafurdar naquela quantidade exorbitante de comida...