O minino que sonha

terça-feira, novembro 15, 2005

Hora de exorcisar o passado! Hurray!

"O Desterrado" Soares dos Reis - Mármore



O Poema sem título

Vanessa era uma menina
que pouco da vida sabia...
Vanessa cresceu, tornou-se mulher
e eu perdi-a!..

Com ela perdi aquele suspiro,
aquele aperto no estômago.
Perdi um riso para mim
e não de mim...
E isso corrói a minha alma...

"Ah... Ela era tão linda!.."
Penso eu para mim.

Vanessa não sabe, pois não?
Não sabe o quanto mudou o meu mundo
ao rejeitá-lo.
Mas também não quer saber,
partiu sem pensar porquê!

Pensou que eu era outro alguém
e talvez fosse...!
Mas sobrevalorizei-nos
ao dizer que o Universo era pequeno,
pequeno demais para nós.

Subi demais e caí: magoei-me...
Tive o triunfo efémero da minha paz interior
Vanessa: a carga de energia inesperada
e que tanto me faltara...

Vanessa transformou-se na inquietude
dos meus hediondos pensamentos...
Continua a ser a força que me faz escrever.


Mas tu não sabes Vanessa...
Não sabes que foste utopia.
Saberás?
Saberás tu algum dia?


Vivo a esperança desesperante
que o mundo em constante mudança
nos leve a acreditar no futuro.

Mas caem-me as lágrimas
ao ver que não é mutua esta crença.
As lágrimas, que me dizem
que fui mais um dia qualquer.
Que sou mera recordação longínqua.

Caem-me lágrimas de saber,
saber que morri,
que sou memória inerte do seu ser
e que nela eu vivi...

Foi nela que saboreei a felicidade
dádiva essa que nunca pensei obter
(mesmo por escassos momentos)...

Mas Vanessa não vai querer saber,
apenas irá ignorar.
Por isso remeto-me à minha pequenez
e assim, vou escrevendo desabafos
e fumando os meus cigarros.

Vanessa partiu sem se despedir
e eu nada poderei fazer, se não
passear e tentar sorrir
pelos caminhos da saudade.

Morreu a cor dos meus sonhos;
Desvaneceu o brilho nos meus olhos,
Perdi a minha identidade,
Tornei-me inexistente...

Uma dor assim não se repete,
mas sei que dói eternamente.


in "Tempos longínquos" Daniel Domingues Monteiro

1 Comments:

  • É complicado quando as escolhas do passado se tornam os erros do presente e os tormentos do futuro... Mas a vida é mesmo assim, escolhemos e... sofremos as consequências dessas mesmas escolhas.

    Estou contigo!
    Abraço

    By Anonymous Anónimo, at quarta-feira, novembro 16, 2005 10:47:00 da tarde  

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