O minino que sonha

sábado, julho 16, 2005

Paz interior...

Venho por este meio narrar ao mundo (pelo menos a quem quiser ler) o misto de tristeza e inconformidade que me acompanha.
- Por que é que o típico português é tão provenciano?!
Fim da tarde, café deserto, um silêncio delicioso, na boca ainda o paladar a café, nas mãos os fiéis amigos nicotina & literatura...e eis que, vindos da confusão mundana, entram duas personagens: digamos que o "Manel" e a "Maria". Ambos cinquentões, ele de camisa aberta, bigode farto e moccasins da moda. Ela de estatura baixa e anafada, de chanatos plásticos, daqueles que fazem um característico "tlock, tlock, tlock" e claro: cheia de sacos (reparem que "Manel" não acalenta qualquer tipo de sentimento de cooperação - o cavalheirismo não morreu, iúpi!). Dos inumeros lugares vagos, o típico casal escolhe aquela, aquela mesa mesmo junto de si, ao ponto de ter que dar o jeito para que a rechonchuda senhora se consiga sentar, e aí dá-se o descalabro...primeiro risinhos inofencivos, depois, ai ai...depois gargalhadas bem sonoras, qual hienas á caça, mas estas são ligeiramente diferentes, com uma conotação quase que obscena. E as manifestações de júbilo continuam...conversas altas, estupida, exagerada e desconcertadamente altas de um: "a vizinha fez isto, o homem do talho aquilo", segue-se o característico:
Ele - Quem?
Ela - Aquela, a mãe da moça que namora com o filho da do 3º esquerdo.
Ele - Hmmm, não tou a ver filha...
Ela - Aquela! Aquela loira que no casamento da nossa Nanda foi de vestido cás mamas quase de fora, óh! tu sabes quem é!
Ele - Ah! A Coisinha?!
Ela - Sim!
(e continua...)
Breves momentos de silêncio são interrompidos por um louco triturar provocado a um inocente pastel de carne (ou pastel de Chaves - há alguma diferença?), seguido de um ingerir bem sonoro de uma mistura de cerveja com groselha que o transporta para as cataratas do Niagara e um outro som, mais repugante ainda, imerge do lado do Adónis português: o som...da UNHA A SERVIR DE PALITO!!
Pois é...eu pergunto onde foi toda aquela paz de espírito?...

1 Comments:

  • Nos meus inumeros anos de experiencia no campo da pastelaria, devo concluir que a devida diferença entre os pasteis de carne e de chaves está: na forma. Tendo a mesma massa folhada (a puxar para a palha...) e a mesma carne de rato empobrecida com restos, uns, os de carne, apresentam uma forma pseudo-retangular enquanto que, os de chaves, formam uma ligeira meia-lua...

    Sempre agradado por me sentir útil, cumprimentos do "ignorante em matéria de pasteis"

    By Anonymous Anónimo, at terça-feira, julho 19, 2005 11:17:00 da manhã  

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